Em minha primeira publicação neste blog, queria implementar uma discussão
que, por vezes, tem se traduzido como um desafio do mundo moderno, que
percebo também ao ministrar aulas para o público jovem. Há, claramente, uma
resistência em aliar a arte e suas competências como comunicação ativa,
eloquência e criticidade, junto com o pensamento instrumentalista e
mercadológico no qual estamos imersos.
Afinal, que dinheiro eu ganho com o meu desenvolvimento subjetivo?
Ernst Fischer, escritor austríaco, em seu livro manifesto “A necessidade da
Arte” (1983) aponta que o “principal problema da arte no nosso tempo, que se
estala por todas as juntas do capitalismo, é criar uma ponte entre o povo e o
artista”. Dessa forma, entende-se que, embora o capital seja o centro das
relações, o desafio é tecer essas conexões e aprender com elas, agora, numa
perspectiva organizacional, pois, segundo o próprio autor, “a arte é concebida
como um meio de colocar o homem em equilíbrio com o mundo”.
Diante disso, não existe o “mundo do trabalho” ou o “mundo acadêmico”, existe
apenas um mundo no qual devemos lidar com todos estes aspectos
mantenedores da vida. Nesse sentido, a arte seria um ponto de harmonia,
segurança e estabilidade, sendo tais competências essenciais as lideranças na
atualidade. Mas, como enxergar estes benefícios na prática?
Aqui no IEP (Instituto de Educação Portal), temos o papel de capacitar novos
líderes para o mercado de trabalho. Para isso, desenvolvemos competências
sociocomunicativas, usando como instrumento a Arte e a Cultura como
condutores da formação integral do educando. Neste vídeo, o filósofo Mario
Sergio Cortella discute a importância da arte em nossas vidas. Ele questiona se
a arte é realmente necessária, e argumenta que, apesar de não ser essencial
para a nossa sobrevivência física, ela é fundamental para o nosso
desenvolvimento humano e cultural.
Cortella destaca que a arte nos permite explorar emoções, questionar a
realidade e construir significados, em outras palavras, autenticidade. Ela nos
convida a refletir sobre o mundo ao nosso redor e sobre nós mesmos,
promovendo o autoconhecimento. Através da arte, podemos expressar nossa
individualidade e conectar-nos com os outros de forma legítima e genuína.
Líderes mecanizados, tão somente focados em performance e números, que
não se preocupam com o bem-estar integral da equipe, estão fadados ao
equívoco. Em 2024, precisamos de líderes com alma.
Acerca disso, Cortella reconhece que algumas pessoas resistem à arte por
medo do que ela pode despertar em si mesmas. Elas podem ter receio de
enfrentar emoções difíceis ou de serem confrontadas com novas perspectivas.
No entanto, o filósofo argumenta que é justamente através da arte que podemos lidar com esses medos e crescer como pessoa e profissional que
lidera.
Perante ao que foi exposto, é evidente que a arte tem o potencial de fazer um
líder melhor e mais autêntico, uma vez que ela possibilita:
- Criar experiências: É importante criar oportunidades para que as
pessoas experimentem a arte de forma direta. Isso pode ser feito
através de visitas a museus, teatros, concertos e outras atividades que
proporcionem repertório cultural que ajudará na resolução de
problemas. - Começar com o simples: É importante começar com coisas simples e
acessíveis, como histórias, músicas, desenhos e outras formas de arte
popular. Dessa maneira, entende-se a necessidade do processo,
direcionando ações sabendo da importância acerca dos erros e
acertos. - Permitir a criação: É importante incentivar as pessoas a criarem sua
própria arte, mesmo que não tenham experiência prévia. Isso pode ser
feito através de oficinas, cursos e outras atividades que estimulem a
criatividade.
Por fim, Cortella e Fischer possuem uma visão realista e concordam que “a
função essencial da arte para uma classe destinada a transformar o mundo não
é a de fazer mágica e sim a de esclarecer e incitar à ação”. Desse modo, hoje,
o mercado de trabalho necessita de líderes proativos, sensíveis as mudanças,
que se permitem explorar sua própria humanidade, conectando-se com os
demais e fazendo a diferença para empresas e pessoas.
Referências Bibliográficas
CORTELLA MS. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre a Gestão,
Liderança e Ética. 21th ed. São Paulo: Vozes; 2007
FISCHER, E. A necessidade da arte. Zahar Editores S.A; Travessia do Ouvidor,
11; Rio de Janeiro. 1983.
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